Bola na Área
A democracia nos clubes
É certo e sabido que a democracia é uma coisa que não assiste sobretudo aos grandes clubes de futebol.
O querido líder é seguido com fanatismo, há sempre milhões a rolar, os prejuízos acumulam-se, mas no fim poucos são os que se sentam nas assembleias e os que vão lá é apenas para aplaudir.
Felizmente ainda há pessoas como o meu amigo José Carlos Pereira, portista de gema mas nem por isso um carneirinho como os outros, como nos deu conta da sua atitude na última assembleia do FC Porto.
Ontem marquei presença na Assembleia Geral do FC Porto, que se reunia para aprovar uma alteração global dos estatutos do clube. A generalidade dos cerca de 200 sócios presentes só recebeu a proposta de revisão dos estatutos à entrada para a reunião, pelo que se esperaria uma explicação detalhada das principais alterações introduzidas. Nada disso. O Presidente da Mesa passou rapidamente à votação na generalidade dos quase cem artigos, o que levou à sua aprovação na generalidad…e por unanimidade.
Pedi então para usar da palavra, dando conta que os sócios não tinham tido acesso à proposta com antecedência e que, por isso, não estavam em condições de votar conscientemente, quando estavam em causa matérias muito relevantes. Se não houvesse explicações por parte dos juristas presentes, então teria de me abster na votação na especialidade. A minha intervenção foi bem acolhida pela Assembleia, que comungava em grande parte das minhas reservas, mas não mereceu resposta por parte da Mesa ou da Direcção. Assim sendo, foi a minha abstenção que fez com que os estatutos não fossem aprovados por unanimidade na especialidade.
Como disse na intervenção que efectuei, uma prática que não honrou a história do clube nem a significativa mobilização de associados que ocorreu
Record/Auferma, 9 101%, 0
Mais uma vitória da equipa Record/Auferma na Liga Empresarial, onde continuamos na luta pelo apuramento para a fase nacional, nesta nossa primeira participação nesta competição de futebol de 7 que põe à prova a capacidade técnica de alguns jornalistas da redação de Record/Porto.
O facto de termos equipamentos LACATONI também está a ajudar muito mas quem ajuda também é o nosso manager Luís de Almeida.
Benfica-FC Porto não decide o título
Agora foi a vez de o FC Porto não aproveitar inteiramente um deslize do Benfica, com o campeonato a aproximar-se do fim.
É certo que o FC Porto ficou a uma vitória do título mas o que mostrou na Choupana, e já tinha (não) mostrado noutros momentos, é preocupante.
Um amigo meu que é mais portista que Pinto da Costa, o que não é fácil, desabafou o seguinte: “Não temos estofo de campeão”.
Não diria tanto até porque o que vi do Benfica em Vila do Conde foi mau. Perante um adversário que pressiona e arrisca, com o mínimo de qualidade, o Benfica treme. E começa a acusar a pressão.
Acho que muita coisa ainda vai acontecer até ao fim do campeonato e centrar a decisão do título no Benfica-FC Porto. O título vai decidir-se noutros estádios.
Record/Auferma, 2 WeLevel, 5
Mais uma jornada da Liga Empresarial e derrota por 5-2 com a WebLevel, um adversário que teve de suar para conseguir vencer mas que o conseguiu com todo o mérito.
O nosso enorme Rui Sousa deu um frango monumental mas também fez grandes defesas, evitando uma diferença maior.
Continuamos na luta.
O boneco de palha e o incendiário
Mário Figueiredo, o homem que passou pela Liga como um furacão, disse ontem que Luís Duque, o novo líder, é “um boneco de palha” da Olivedesportos.
Parece mais ou menos consensual que MF foi um presidente não consensual, depois de ter sido eleito aos ombros dos pequenos e médios clubes, num xito histórico do nosso futebol.
MF quis dinamitar o status quo e centrou o seu programa nos direitos televisivos, na tentativa de destruir o império da empresa de Joaquim Oliveira.
Perdeu mas deu luta.
Saiu mas deixou uma porta aberta. Os clubes perceberam que podem ganhar muito mais se os direitos estiverem centralizados da Liga mas continuam amarrados a compromissos de curto prazo e a Olivedesportos continua a ser, digamos, o BES do futebol.
MF não foi um presidente negligente – foi apenas um presidente imprudente. Quis ganhar a guerra sem exército. Pior, partiu para a guerra sem apoios e num ataque frontal.
O resultado é o que todos conhecem.
MF foi à sua vida mas entretanto a Olivedesportos já está a pagar pesadas multas exatamente por não respeitar o direito universal da livre concorrência. E entretanto foi muito graças a MG que a questão das apostas online progrediu, estando quase a dar frutos para os nossos clubes.
Bem vistas as coisas, MF cumpriu um papel importante. A forma como o fez é que estava errada.
Falta agora saber se Luís Duque vai conseguir ir mais além. Não há qualquer sinal de que o faça no campo dos direitos televisivos mas a verdade é que tem um grande problema para resolver e esse problema são os 6 milhões de défice da Liga de Clubes. Responsabilidade de MF, sim, mas também do boicote de que foi alvo a partir do momento em que passou a ser um solista sem orquestra.
MF saiu da Liga e o principal campeonato de imediato ganhou um importante sponsor.
É a velha teoria dos vasos comunicantes. O que um não tinha, o outro teve de imediato.
Porquê?
É uma boa pergunta.
Mas de aí até se considerar Duque apenas uma sena triste…mais cuidado.
O presidente da Liga é um homem do futebol, conhece bem o terreno que pisa e as forças que o cercam. Talvez nos possa surpreender em breve. Sem a beligerância de MF mas sainda em defesa do equilíbrio competitivo dos nossos campeonatos.
Esperemos para ver.
Paineleirices
Entre os nossos painéns de paineleiros – neologismo criado por Alfredo Farinha, um dos primeiros a exercer este sacerdócio -, alguns destacam-se particularmente. Destaco os seguintes:
– Manuel Serrão, um cromo dos antigos, histrionicamente imbatível, por vezes muito assertivo no humor, fanático q.b. mas também crítico quando é preciso pôr o dedo na ferida que mais lhe dói. Cenograficamente avantajado, é ajudado pelo seu vozeirão e marca a diferença não apenas pela resistência neste tipo de ambiente, onde a pior doença é o desgaste de imagem.
– Eduardo Barroso, uma forma interessante de apreciar o lado popular da alta burguesia lisboeta, toldado pelo fanatismo, com maus fígados mas bom coração, mas nem sempre muito coerente, perdendo elan quando quer dar uma cravo e outra na ferradura. Projeta a imagem de um leão a 100 por cento algo conformado com o seu destino.
– Rui Gomes da Silva, também vice-presidente do Benfica mas nem por isso incapaz de ter voz própria e não apenas a do dono, contundente e muitas vezes indelicado, com aquele ar de boneco gozão, assumindo o papel de provocador máximo num painel, na SIC, onde ninguém lhe dá luta.
Qualquer um deles não depende do futebol. O Manel foi jornalista e é hoje um bem sucedido empresário associado à área dos eventos e das confeções. Eduardo é um reputado cirurgião e o Rui patrão de um importante escritório de advogados.
O facto de não dependerem do futebol não faz, porém, com que não sejam dependentes do futebol falado. Não propriamente dos cachets que recebem mas da exposição na qual se viciaram.
Nenhum deles é especialmente nocivo, pelo contrário, cumprem bem o papel de entertainers.
O que é surpreendente é que quem vive e depende do futebol se sinta na necessidade de, aqui e ali, reagir ao show off destes paineleiros, sem perceber um jogo de futebol não se decide num serão televisivo e, mais importante, mordendo facilmente o isco que é atirado.
Mas é um pecado que não é singular. O povo da bola também se assume como pato e faz dos paineleiros aquilo que eles não são mas que cada vez mais sonham ser – e com razões que o justificam.
Parabéns FCP
Este boneco é do meu amigo António Matos, que também filmou o primeiro golo do FC Porto.
Os dragões seguem para os quartos-de-final da Champions e mais uma vez estão entre as oito melhores equipas da Europa, sem contar o Leixões e o Varzim.
Não se esperava outra coisa desta eliminatória com o Basileia mas a verdade é que outras equipas podiam ter complicado tudo e o FC Porto só facilitou.
É esse o ADN do FC Porto “forte em Portugal e na Europa com Jorge Nuno Pinto da Costa”.
O presidente está a ficar velhinho mas a máquina continua oleada.
O futebol português agradece, os adeptos portistas têm aqui a sua catarse merecida e eu da pouca altura desta tribuna aplaudo mais este feito de um clube que acompanhei com gosto durante muitos anos.
Manobras de diversão
Benfica e FC Porto prosseguem, mano a mano, a luta pelo título.
Faltam 10 jornadas, estão 30 pontos em disputa, 4 pontos separam as duas equipas e estas ainda se vão encontrar na Luz.
O Benfica continua a causar suspense. Em Arouca começou a perder mas depois deu a volta, num estádio prenhe de paixão benfiquista. Os adeptos acreditam, a equipa joga o suficiente para que estes acreditem, JJ continua fino como um alho…e o FC Porto vai ficar um mês sem Jackson.
O FC Porto encontrou em Braga um adversário pouco ambicioso, que apenas quis empatar e naturalmente acabou por perder. Mas, como diz Salvador, independentemente das polémicas da arbitragem (não houve penálti para o Braga!), “o que é importante é ganhar ao Benfica”.
Neste entretanto, o Boavista ganhou ao V. Guimarães e deu um passo de gigante rumo à permanência, enquanto o Vitória confirma a sua pequena crise (está cada vez mais difícil apanhar o rival minhoto).
Falta jogar o Sporting. Que tem aqui uma oportunidade de ouro para se confirmar como 3.º classificado.
Tudo o resto que se lê e ouve são manobras de diversão.
O título tem dois concorrentes muito fortes mas um tem uma vantagem que pode ser determinante, tanto mais que ontem, à hora do jogo de Arouca, o mestre Alves estava placidamente a passear no marina de Calda de Aregos.