A promiscuidade e a malandrice
Esta imagem, que tem como figuras centrais Carlos Cruz e José Sócrates, cada um na área figuras que atingiram o cume da montanha e que hoje se encontram detidos por razões diversas, tem um grande significado.
Prova que o futebol sempre foi permeável a outras influências e que no fundo é um dos vasos comunicantes do poder e da política.
O próprio Sócrates, se bem estão lembrados, é acionista do Benfica e que se saiba não se desfez das 500 ações que um dia comprou. Carlos Cruz, esse, era outro ídolo nacional, um comunicador como poucos, tal como o antigo primeiro-ministro foi um singular promotor do seu próprio carisma.
Como não se cansa de dizer Pinto da Costa, que caminha para os 77 anos, longos dias têm cem anos. E o que ontem era verdade hoje é a mentira.
Não vou aqui dissertar sobre os casos que levaram Cruz e Sócrates dar com os costados numa cadeia. Apenas aproveito este momento para relevar o que todos sabem mas de poucos gostam de falar. Recordo o que aconteceu aquando da eclosão do processo Apito Dourado, quando a generalidade dos jornais desportivos fez de conta que nada se passava. Na parte que me toca fiz o meu trabalho e acartei com as suas consequências.
A promiscuidade e a malandrice grassam no futebol. Fazem parte do seu ADN. Uns suportam-se nos outros. Somos amigos e bons rapazes se não tocarmos nas feridas. Basta insinuar um toque para tudo mudar. O que se passa na política e no crime não é diferente do que temos na bola, um mundo suspenso por arames mas bem agarrado a lealdades compensadoras.
Não deve ser o futebol tratado de forma diferente. Mas até hoje também a política o era. E ainda não sabemos se não vai voltar também a política para esse limbo sereno onde quase todos podemos ganhar. Em nome de quê é que não sei. Nem quero saber. A esta porta já não tocam mais pois já sabem o que a casa gasta e paga com o fruto apenas do seu trabalho.
Tenham uma boa tarde.