Bola na Área

O XITO

27 Março, 2011 0

A surpresa consumou-se às seis da matina.

Muito melhor que a noite dos óscares são as eleições do Sporting!

Comecei a acompanhar o processo na TVI mas cansei-me depressa das patetices do repórter que, no terreno, centralizava a emissão. Passei pela SIC mas aquilo estava soluçante e acabei na RTP N, onde finalmente pude ser reconfortado por um trabalho “limpo” colorido com bons comentários de Bruno Prata e João Gobern.

Também a RTP acabou por meter o pé na poça quando anunciou, lá para as 4, que Bruno Carvalho tinha vencido a primeira contagem, com uma vantagem na ordem dos 600 votos. O repórter arriscou um rumor e não acertou.

O tumulto que se seguiu ao momento em que finalmente se conheceram os resultados oficiais foi natural. Ali se concentrava a claque de cabeças rapadas e de desocupados da vida de Bruno Carvalho. O proto-presidente, que pelo menos pode encaixilhar as páginas de jornal que hoje o entronizam, ainda tentou acalmar as hostes mas o caldo estava entornado.

O novo presidente do Sporting teve de ser empossado no auditório perante os seus adeptos!

O Sporting sai destas eleições fendido a meio e a sangrar.

A Comunicação Social sai com uma grande lição aprendida: quando não sabemos se havemos de dar corda ao relógio ou mijar contra a parede, qualquer passo em frente pode encontrar o abismo.

 

NINGUÉM ENTENDEU PAULO FUTRE

25 Março, 2011 0

O Mundo está em polvorosa com o momento cénico proporcionado por Paulo Futre na recta final da campanha leonina. Depois da rábula dos russos e das máquinas de lavar, o antigo puto-maravilha conseguiu superar todas as expectativas ao anunciar “o melhor jogador da China”. Já telefonei ao Jaime Pacheco mas o treinador do Beijing Guaon não me soube identificar quem é ele. Ficamos todos à espera do primeiro charter vindo da China carregado de adeptos chineses. Com um bocadinho, pode fazer escala em Moscovo para acondicionar na bagagem os rublos salvadores.

Pobre Sporting que até obrigas paineleiros e opinadores a fazerem declarações de votos envergonhadas.

Razão tinha Abrantes Mendes.

São uns totós.

ARTUR AGOSTINHO

Artur Agostinho era um comentador por excelência que fica na história da Comunicação Social portuguesa. Tal como Jorge Perestrelo, era inimitável embora muitos o tivessem querido imitar. O que basta para classificar a personalidade e o profissional.

Falei apenas uma ou duas vezes com ele. A última foi num almoço de aniversário do Record, quando a direcção entendeu entregar-me o prémio de “Repórter do Ano”, o mais troféu da minha carreira pois foi conseguido um ano e meio depois de ter chegado a este jornal, vindo de A Bola.

Fiquei ao lado de Artur Agostinho e conversamos. A dado momento disse-lhe que nunca tinha esquecido um livro seu que tinha lido no final da adolescência. O “Até na Prisão Fui Roubado”, onde o grande comunicador contava a saga da sua prisão às ordens do COPCON, em pleno PREC. Artur Agostinho ouviu-me e senti que ficou emocionado. Emocionado por recordar um momento em que foi o vilão, o colaborador do regime, o fascista…

Artur Agostinho, como todos sabem, teve de se exilar no Brasil. Felizmente os barbudos sabujos desapareceram de cena e transformaram-se em “gente de bem” e Artur Agostinho pode voltar. Morreu reconciliado com os portugueses, mesmo com aqueles que o roubaram na prisão.

Adeus, mestre.

A VIOLÊNCIA VICIA

Um dos grandes problemas da violência resulta do facto de os seus autores não terem consciência de que até um bom canhão enferruja e morre, como é o caso deste que pode ser visto no magnífico forte de S. João Baptista, na Foz do Douro.

Após o Paços de Ferreira-Benfica, mais uma vez o Vermelhão foi atacado mas quem acabou pior foi o automóvel do presidente do Benfica e o próprio, que deve ter apanhado um grande susto quando foi surpreendido lançado por um saco de pedras lançado de um viaduto.

Mais uma vez a culpa vai morrer solteira.

Já li que as pedras foram lançadas do único viaduto que não estava a ser controlado pela polícia que pelos vistos pagamos para controlar viadutos de auto-estradas.

A violência é um vício como todos os outros.

Por exemplo, como a coca. Mulheres novas e bonitas. Onanismo. Facebook. Colecção de pacotes de açúcar.

O problema da violência é que nem sempre se pratica apenas em casa. Quase sempre invade o espaço público e atinge muitas vezes quem apenas ia ali a passar.

O homem é por natureza irracional, apesar dos esforços dos filósofos.

A irracionalidade, como todos sabem, emerge no futebol português tal como as rochas da restinga sempre que a maré vaza.

De nada vale condená-la porque, está mais que visto, da violência resulta sempre um riso escarninho. Gostamos de ver desgraças. Gostamos de punir. Gostamos de sangue.

No futebol português há muitos anos que estão criadas condições para que um dia uma grandes desgraça aconteça.

Ela vai acontecer.

Nesse dia, os grandes viciados em violência certamente vão aparecer na televisão a condenar este tipo de actos. Ou então serão eles vítimas.

Os dados estão lançados – como as pedras do viaduto – mas nada vai ser feito para que sejam parados.

No fundo, são dados viciados.