O CONVÉNIO (um remake)
Quem acompanha BnA desde os tempos da pedra lascada da Internet sabe o que é o convénio. Para quem não sabe aqui fica a afirmação: é um tentame de exercício criativo do autor deste blogue de fundo de quintal, a propósito dos semideuses psicopompos da bola nacional.
O convénio voltou a reunir. Desta vez em Dume, terra de S. Martinho, evangelizador do século VI d.C. que fundou a antiga diocese de Dume, ali ao lado de Braga e hoje bem pertinho do Estádio AXA que muitos conhecem por Pedreira vá-se lá saber porquê.
Deus tomou como sempre a palavra.
– Meus irmãos, confesso que desta vez me surprenderam. Esta francesinha é de facto espantosa.
Judas, no seu cantinho, cascinou um sorriso e comentou para os seus botões (façam de conta que já se usavam botões): “Um almoço nunca é de graça”.
PC levantou-se e orou:
– Poderoso, como sabes eu em Braga estou em casa.
Ao seu lado, Salvador sorriu.
– Aqui o Toninho sabe bem do que estou a falar.
Um pequenito com ar de mouro pôs o braço no ar.
– Diz lá, Octávio – condescendeu Deus.
– Quem sabe do que está a falar sou sempre eu, que fique bem entendido.
– Ok, Octávio, nós sabemos. Pede mais batatas fritas, se faz favor – admitiu Deus, para a seguir continuar.
– Como sabem, o facto de a Liga estar a organizar a Cimeira dos Presidentes não invalida estas nossas reuniões. É aqui que tudo se decide, afinal.
– Sem dúvida – acrescentou PC
– Muito bem . prosseguiu Ele -, posto isto dou a palavra ao Vieira.
– Obrigado, queria aproveitar a oportunidade para lhe pedir para ser o próximo convidado do Jorge Máximo no seu programa na Benfica TV.
– Obrigado, meu filho, mas como calculas tenho uma agenda muito carregada e nos próximos tempos vou passar uns dias com Alá na Líbia.
– Mas, senhor, é o programa “Máximas do Máximo” e, que eu saiba, o senhor é o Máximo.
– Tens razão mas fica para a próxima. Tens agora tu a palavra, José Eduardo.
– Senhor, só vim aqui despedir-me e pedir-lhe para não me dar mais cabelos brancos.
– Vai em paz, José Eduardo, cumpriste a tua missão: pior era, de facto, impossível.
– E tu, Jorge Nuno, o que tens a dizer?
– Eu?! Nada, senhor.
– Tens pecado?
– Não, senhor.
– Tens a certeza?
– O meu motorista não atropela ninguém há 6 meses!
– Não é isso, filho. Tenho recebido alguns revistas lá em cima…
– Senhor, não ligue, a Imprensa gosta de me destruir.
– Ok, ok. Não te esqueças que és um bom católico.
– Nunca me esqueço, senhor. Para mim o diabo é vermelho e o céu é azul.
– Claro, e já agora: como vai a Fernandinha?
– Ah?!
– A tua girl?
– Senhor, eu estou apaixonado.
– É bonito, é bonito. Só espero que ela não venha a ser no futuro cronista do Correio da Manhã.
– Ah?
– Tu sabes do que estou a falar.
– Perdão, senhor, quem sabe do que está a fa…, ouviu-se lá ao fundo.
– Tá calado, pá, e vai sulfatar as uvas. Agora dou por encerrado este convénio e peço-vos que ajoelhem e dêem as mãos.
– Ámen, ouviu-se o coro.